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MMC MAGAZINE/EXCLUSIVO: DJ Alkay abre o jogo e conta tudo!


Alkay é um DJ e produtor musical carioca conhecido por sua mistura Tribal House, com Pop e flashback. Ele já se apresentou em diversos eventos e locais internacionais, incluindo The Home (RJ), Blue Space e Soda Pop (SP), Sonic (Nagoya, Japão) e Chambers (Kyoto, Japão), Eagle 69 (Costa Rica), Turquia e outros.

Suas produções estiveram presentes nas pistas de tribal em todo o mundo entre 2020 e 2022, com seu remix de destaque: "React" da Pussycat Dolls e "Juice" de Iyla.

Em 2024 tocou em pleno carnaval, num Camarote na Sapucaí, foi produtor de trio na Parada de Copacabana e em 2025 produtor de trio, dos DJs na Banda das Quengas.

O DJ Alkay está sempre com a gente nas festas da Machoman e da Zona onde é abraçado e bem recebido tanto pelos produtores como pelo público, que adora seu som.

Fotos - Arquivo pessoal

Em entrevista exclusiva para Maurício Code, esse maravilhoso DJ abriu o jogo e agora você confere abaixo:

MMC MAGAZINE: Para começarmos, qual é a pronúncia do seu nome?

DJ ALKAY: É Alkay mesmo, se lê e se fala com A.

MMC MAGAZINE: Na sua opinião, hoje qual é o MAIOR desafio na área da arte da discotecagem?

DJ ALKAY: Entendo que o maior desafio do DJ, atualmente, é um desafio duplo! Que é ter um bom repertório junto a boas técnicas. Se você tem apenas boas técnicas e o repertório falho, com uma fraca leitura de pista e pouco entendimento sobre a história que você está contando com a sua música, fica complicado você segurar uma noite até o fim, o que pode até estragar a pista pros próximos DJs que vão entrar. Pois, o DJ que toca só pra ele ou pra mostrar suas técnicas pros outros DJs (por que é só pra eles que importam as técnicas), ele acaba perdendo o contato e conexão com o público, ao deixar de lado a temperatura da pista estando focado só na técnica. Grande parte do público é leiga e não entende se é o momento certo ou não de fazer um efeito na música, certo tipo de transição baseada em frequências ou campo harmônico. O público no geral quer apenas se divertir e ter uma boa experiência com a música. Mas temos o caso contrário, o DJ que só toca baseado no repertório, tem uma boa leitura de pista, mas é alheio aos estudos e técnicas de mixagem que se fazem necessários pro cenário. Ser bom para o público, mas proporcionar uma noite sem: inicio, meio e fim, ou boas técnicas de mixagem, atualizadas é um DJ que apenas tenta agradar ao público. Então digo que manter-se nesse equilíbrio, de sempre estudar e trazer boas mixagens, com um bom repertório, de acordo com a temática da festa é um trabalho árduo e constante. Nunca tem fim e se faz presente a todos os dias da minha discotecagem, por isso eu acho importante e o maior desafio. Por que faço isso em respeito aos meus ouvintes, mas sempre lembrando que Aprendo diariamente.

MMC MAGAZINE:  Qual  a diferença que você sente entre o Alkay lá do início de carreira, para o Alkay, super DJ que o mundo conhece hoje?

DJ ALKAY: (Risos) Eu não diria SUPER DJ QUE O MUNDO CONHECE, ainda, mas eu entendo que me destaco sim, em muitas questões. Eu sempre me preocupo em oferecer o básico, bem feito e isso às vezes sai além do esperado. Coisa que anteriormente eu não fazia. No inicio eu não me cercava de boas amizades, bons contratantes e não fazia ideia de quem era meu público. Hoje meus melhores conselhos são dos amigos. Os contratantes confiam em meu trabalho, pois sabem exatamente o que esperar de mim. Eu conheço bem meu público e eles me conhecem bem.

MMC MAGAZINE:  Você discoteca em baladas, mas também em festas eróticas, correto? Você sente uma diferença de público?

DJ ALKAY: Sim, toco e sinto bastante a diferença. Para as festas de balada, em geral, utilizo muito de músicas pops comerciais para contar uma história pra pista. E quando sinto que ela tá preparada, mostro minha pegada, aí misturo o pop com o tribal. Na pista comercial pouco usa-se o tribal house. O que já é diferente nas festas eróticas, onde os contratantes aceitam muito bem esse estilo e entendem que ela está mais para o perfil de público que frequenta a festa. Exemplificando: é mais inteligente eu tocar Rouge numa balada, que tocar Asererrê em uma festa onde todos procuram se divertir sexualmente. São resultados diferentes que eu vou receber da pista. Muito dificilmente, o cara que tá na festa erótica vai sair do darkroom pra fazer a coreografia, mas é bem provável que alguém numa balada, que esteja no bar ou banheiro, ouça a música e venha correndo pra dançar. De acordo com a minha experiência, é claro!


MMC MAGAZINE: Notamos uma gigantesca diferença entre a música dos anos 80\90\2000 para as atuais. Como você encara o retrocesso de qualidade em algumas obras? E o que você admira, ouve e aplaude hoje?

DJ ALKAY: Toda essa pergunta é uma assunto bem complexo e cheio de camadas. Tentarei, mas eu acho incrível que, com a mudança dos anos, a gente mude o comportamento de consumir a música e de como se produz o áudio. Entendo que não há só um retrocesso, pra mim há uma mudança nos dois sentidos: positivo e negativo, ou seja, um progresso, um caminhar, porém, a massa tende a ouvir o que é mais prático e nem sempre uma música com qualidade muito boa atende a demanda do mercado, que é exigente demais em certos aspectos e em outros aceita qualquer coisa sem critério algum. Um bom exemplo são as músicas virais de carnaval, que todos os anos os artistas preparam, mas nem sempre são elas que o público toma como a música oficial do carnaval, e nesse caso assume uma música viralizada de algum cantor desconhecido, desafinado, que nunca passou por um estúdio, com problemas de fono, gravado em um microfone da Shopee de 20,00. E o público abraça de uma forma inexplicável, mas ao mesmo tempo acho de tamanho conservadorismo a gente não reconhecer novos artistas, que estão no rolê um tempinho tentando espaço, mas são hostilizados por serem novos demais. Artistas que recebem prêmios, destacam-se pelas inovações, mas no geral, o mesmo público que reclama que falta coisa nova no mercado rechaça esse artista por trazer novidades, que muitas vezes estão fora da zona de conforto musical desse ouvinte.

MMC MAGAZINE: Alguns DJ's fazem questão de dizer que "DJ não é Jukebox!", mas pra você, qual a importância em tocar as músicas que alguém vai à cabine te pedir? Isso te incomoda?

DJ ALKAY: Essa é uma pergunta muito polêmica! Mas pra ser sincero, isso não me incomoda. Faço o que posso, de acordo com a minha leitura da pista. Mas pra entrarmos nesse assunto temos que entender algumas questões quando se recebe um pedido: em primeiro lugar um DJ não pode ser grosseiro com um cliente, ou fazer ele passar vergonha. Ser grosseiro é o jeito mais fácil de responder com um não e isso mostra um profissional preguiçoso pra lidar com seu público. E outra, o público sai de casa pra consumir diversão e não merece ser mal tratado, ou seja, minha nota é 0 pra DJ grosseiro, orgulhoso e que ainda faz o cliente sentir vergonha de ter pedido uma música. Isso é um problema comum na nossa profissão e mostra falta de tato do profissional.
Sabendo disso, entro em alguns questionamentos como: o pedido pode estar fora de hora, ou seja, o cliente pede uma música que até dá pra tocar, mas ele não sabe que, de acordo com a programação do DJ, dá pra tocar aquela música no meio do set ou no final, geralmente eles pedem e querem que seja a próxima música a ser tocada. Isso é normal porque eles não têm leitura de pista e a gente já sabe mais ou menos como a pista vai reagir àquela música. Eles não têm esse conhecimento e às vezes também não tem a paciência pra esperar. Daí, quando você não toca eles se sentem desprestigiados, como se você tivesse a obrigação de tocar a música que ele quer, já que ele é parte do público, e em alguns casos afirmam que é ele que está pagando o seu cachê. Pura falta de conhecimento, mas acontece!
Também há pedidos que não conversam com seu set. Eu toco pop, funk e tribal house, mas evito tocar música com palavrão e não toco som de facção. Um cliente me ameaçou e quase me bateu por não tocar a música de facção que ele queria ouvir. Por um fio eu não fui agredido.
Outra situação é: pedem uma música que você não tem! Isso é um problema, pois muitos equipamentos não permitem baixar música na hora e os que permitem você precisa ter uma assinatura paga ativa, e nem sempre são atualizados com as músicas que pedem. Por exemplo, no Beatport, um dos maiores sites de vendas de músicas para DJs, que podem ser baixadas por aparelhos maiores, dificilmente pode-se encontrar as atualizações de Anitta, mas o público não sabe disso. Também há o rolê de baixar música, ali na hora, de sites duvidosos, que podem vir com vírus, com vinhetas ou até mesmo em baixíssima qualidade e comprometer o seu set. Eu não gosto de me pôr nessa posição de baixar na hora pra agradar um único cliente específico, que acha que o seu gosto musical deve ser atendido. No geral quando atendo os pedidos da pista é porque o cliente já tem algum nível de intimidade comigo e sabe que aquela música está no meu set ou já passou pelas minhas mãos. Ou que aquela novidade vai agregar um valor a minha pista ou ao meu set e sempre quando não toco eu faço questão de sair da minha cabine pra dar uma mínima justificativa àquele cliente que teve o carinho de dedicar o tempo dele e me pedir uma música que eu não pude tocá-la. É um trabalho de informação, mas é um cuidado também que prefiro ter, nem todo mundo entende que ao subir numa cabine você tem diversas responsabilidades, e muito menos qual a sua preocupação naquele momento. É trabalhoso e cansativo mas eu escolhi lidar dessa forma. Até porque o número de pedidos é bem pequeno e no final sempre viramos amigos. Afinal ser DJ é uma arte e precisamos de mais respeito!

MMC MAGAZINE:  Mas e aí? Como você trabalha com o "Open Format" (Tocando também o que o contratante solicita), como funciona seu processo em caso de estilos que você nunca tocou?

DJ ALKAY: No geral, eu atuo com 3 estilos no open format: O Pop, funk e Tribal House. Se for algo muito fora disso eu preciso ter um tempo mínimo de um mês estudando o estilo solicitado. Assim eu consigo garantir uma boa entrega no meu trabalho e não perder a essência da arte de tocar. 


MMC MAGAZINE: Sabemos que você não apenas discoteca, como também produz música! Quais artistas e produtores mais te inspiram?

DJ ALKAY: Olha, cada período eu tô numa fase diferente de produção. Já fiz muita coisa de estilos variados, mas minhas referências, de uns 5 anos pra cá, tem sido o DJ Aron, dono do Hit: Voulez Vous, VMC, Maycon Reis e John W.

MMC MAGAZINE: E o Alkay está namorando, experimentando uma relação diferente o está solto pelo mundão?

DJ ALKAY: Namorando. E vivendo com ele as oportunidades que a vida tem pra nos oferecer. Ele é um cara sensacional, sincero e parceiro. Então tem dado certo durante esses 11 meses. Tem sido um relacionamento saudável, leve e próspero a cada dia. Inclusive vamos fazer 1 ano em abril. Nem tudo são flores, mas na medida do possível a gente vai discutindo as nuances da relação, ajustando aqui e ali pra fazer funcionar, tanto pra mim que trabalho a noite e na correria, quanto pra ele que trabalha a tarde e tem seus compromissos. A gente nunca sabe do dia de amanhã, mas o dia de hoje tem sido divertido juntos.

MMC MAGAZINE:  Em meio a sua agenda tão corrida, ainda sobra tempo para relaxar? Você tem algum hobby?  O que você mais curte quando não está trabalhando?

DJ ALKAY:Eu gosto de passear, seja dentro do RJ ou fora. Conhecer lugares novos é uma experiência que adoro ter, pois ela nunca se repete, mas confesso que tô focado agora em relaxar mais em casa. Faço sempre uma vez na semana meu SPA, com meus creminhos, velas, incensos, massagem, música ambiente, banho premium... Essas coisas que fazem a gente se conectar com a gente mesmo. É de lei eu fazer uma vez na semana!

MMC MAGAZINE: Já é público e notório que você não apenas é um grande DJ/produtor, mas também um realizador e apoiador de bons projetos. O que te apetece mais: um cachê gordo ou um trabalho prazeroso?

DJ ALKAY: Certamente o trabalho prazeroso junto ao cachê gordo. Não tenho como separar isso. Já separei e só levei 'preju'. Já foquei só no prazer e levei um golpe de mais de 3 mil reais. Fui no impulso de fazer porque estava gostando demais do trabalho, mas chegava na hora de pagar e era sempre: vou te dar na semana que vem... De semana que vem a semana que vem isso já tem um ano. E vamos ser honestos, pra nós que somos pequenos artistas ficar sem receber 3 mil reais pode quebrar uma pessoa. Então aprendi com a lição: Não existe prazer onde não há ressarcimento. Os dois andam juntos. Palmas é tão maravilhoso pro artista como o dinheiro é pras contas! 

MMC MAGAZINE: O que podemos esperar do DJ Akay para 2025/2026? Existem projetos em andamento? Se puder, por favor, conte-nos sobre algum deles!

Eu estou me dedicando mais ao estúdio. Tanto em aprender coisas novas quanto produzir melhor. Eu meio que deixei minha produção musical um pouco parada devido a correria de tocar na noite, mas agora quero encaixar o estúdio no meu tempo livre. E  vou jogar tudo no meu soundcloud.

MMC MAGAZINE: Para finalizarmos, o que você diria para alguém que está começando a discotecar e sonha em atuar nesta profissão?

É uma profissão que você tem que estar sempre se atualizando e em primeiro lugar: estudando.  Mesmo os DJs mais famosos, os primeiros lugares, estudam. Conhecimento é soma!

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Confira abaixo, dois Remixes produzidos pelo DJ  ALKAY: